domingo, 21 de janeiro de 2018

1955 — O SEGUNDO TERREMOTO MAIS FORTE DO BRASIL FEZ VITÓRIA TREMER

O relógio marcava 22:50 do dia 28 de fevereiro de 1955. O tremor de terra sentido em Vitória, Cariacica, Vila Velha, Guarapari e Colatina, teve o seu epicentro no mar a cerca de 300 km da costa do Espírito Santo. A força do sismo, de 6,1 na escala Richter, foi tão grande que um pânico geral tomou conta de boa parte da Grande Vitória e minutos depois, ruas e praças se encheram de pessoas que procuravam saber o que havia de fato acontecido. Um estado de medo, estranhamento e apatia envolvia toda a população.

 
Jornal A Gazeta. 01/03/1955.


De acordo com o Observatório Sismológico da Universidade de Brasília, o país não possuía equipamentos para medir a atividade no solo. Os terremotos brasileiros eram até então registrados apenas por boletins sísmicos internacionais da Rede Mundial de Sismógrafos até 1967, quando foi instalado o Arranjo Sismográfico da América da Sul (SAAS) em Brasília.


UM MÊS ANTES: O MAIOR TERREMOTO DO BRASIL

Um mês antes do terremoto na costa do Espírito Santo, aconteceu o maior terremoto já registrado no Brasil. O tremor de terra na Serra do Tombador, na região Norte do Mato Grosso, registrou 6,2 na escala Richter em 31 de janeiro de 1955.

Assim como o sismo capixaba, não houve consequências mais graves tampouco vítimas fatais.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

HUAYNAPUTINA — UMA ERUPÇÃO CATACLÍSMICA

Huaynaputina está localizado na Cordilheira dos Andes, ao sul do Peru, e faz parte do infame Círculo de Fogo do Pacífico. A tradução do seu nome é "vulcão novo", e essa cratera irregular e imensa, de 1,5 km de diâmetro, formou-se ao longo do tempo a partir de camadas de lava estratificadas e outros depósitos. Seu formato atual teve origem durante a erupção cataclísmica ocorrida em 19 de fevereiro de 1600 — uma das maiores explosões vulcânicas já presenciadas pela América do Sul. Anteriormente adormecido, o vulcão expeliu seu lastro mortal de cinzas, rochas e lava derretida durante duas semanas, quando se estima que cerca de 12 km³ de cinzas foram liberadas na atmosfera.


A erupção foi precedida e acompanhada por uma série de tremores e terremotos, o mais intenso dos quais alcançou 8,0 pontos na escala Richter. Eles foram os responsáveis pelo desaparecimento de áreas extensas de Arequipa, a segunda maior cidade do Peru, enquanto as lahars (correntes de magma vulcânicas) engoliram vilas inteiras à medida que percorriam sua descida letal em direção à costa, localizada a 120 km de distância.

Talvez o traço mais distintivo da erupção do Huaynaputina tenha sido o seu impacto no clima global. Estudos recentes realizados por geofísicos dos Estados Unidos sugeriram que os ventos excepcionalmente fortes que atingiram muitas partes do Hemisfério Norte nos anos imediatamente subsequentes à erupção foram causados pela grande quantidade de enxofre liberado na atmosfera. As gotículas de ácido sulfúrico resultantes dessa liberação agiram como barreiras para a luz do sol, com a consequente redução das temperaturas.

Não se sabe ao certo o número de mortes, mas suas consequências indiretas podem ter feito deste um dos desastres mais letais de todos os tempos. 

Atualmente, os cientistas acreditam que as condições climáticas extremas que condenaram uma série de plantações na Rússia no início do século XVI e levaram à onda de fome de 1601 - 1603, períodos no qual milhares de pessoas morreram, foram consequências da erupção do Huaynaputina.

domingo, 10 de maio de 2015

MESSINA — O TERREMOTO MAIS MORTAL DA HISTÓRIA DA EUROPA

A maior parte das pessoas dormiam quando os tremores tiveram início às 5:21am do dia 28 de dezembro de 1908. A cidade histórica de Messina tremeu violentamente durante aproximadamente 30 segundos. Através dos estreitos da Sicília, a cidade italiana de Reggio di Calabria implodiu em escombros e poeira no mesmo minuto. Enterrados em blocos sufocantes de pedra e gesso irregulares e lançados de suas camas em uma noite fria de inverno, cidadãos chocados mal haviam encontrado vozes para gritar de dor e pedir por socorro quando o tsunami atingiu a cidade. Uma série de três ondas de cerca de 6 metros açoitaram simultaneamente Messina e Reggio, chocando-se através dos estreitos e passando como trovões por ambos os litorais, deixando caos nas vilas e entre os povos. 

Destruição em Messina. Foto datada de 1908.

Em Giampileri Marina, as ondas alcançaram 12 metros. A cidade de Messina simplesmente desapareceu em 90% e 100 mil pessoas morreram instantaneamente.

O primeiro abalo foi medido em 7,5 pontos na escala Richter. Centenas de abalos secundários menores produziram um pesadelo vivido por dois dias. Os cadáveres podiam ser vistos entre pilhas de escombros. Sem uma estrutura civil e nem de comunicação, a ajuda chegou lentamente. O governo de Roma levou cinco dias para organizar o equipamento de suspensão, e a essa altura, meia dúzia de navios do Mediterrâneo trabalhavam em uníssono transportando os feridos para hospitais de Nápoles, Roma e Malta. Suas equipes trabalharam em caráter emergencial, mas os escombros tinham 5 metros de profundidade no centro de Messina. Os últimos sobreviventes, duas crianças famintas, foram desenterradas 18 dias depois. O mesmo aconteceu em Reggio e por todo o litoral. 

Estima-se que o número de mortes supere a casa dos 230 mil. Em Messina, 95 mil pessoas morreram, o equivalente a metade da população.

Curiosidade: A Sicília e a Calábria sofrem tantos tremores de terra que são conhecidas como "la terra ballerina" (a terra bailarina).

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

1902 — ERUPÇÃO DO MONTE PELÉE

A vibrante cidade portuária de Saint Pierre, ou "Pequena Paris", no luxuoso paraíso tropical da Martinica, era o coração comercial e cultural das Antilhas Francesas. Ficava sob a sombra do Monte Pelée, um imenso vulcão no extremo norte da ilha, que estava essencialmente adormecido desde uma erupção em 1851. Os únicos traços de atividade eram os delicados fios de vapor emitidos a partir de fumarolas nas crateras do pico - algo que deixava os visitantes maravilhados.

Saint Pierre. Ao fundo, o Monte Pelée.


No início do século XX, o Monte Pelée começou a acordar. O primeiro sinal do despertar foi o forte cheiro de enxofre, mas ninguém ficou alarmado com os murmúrios vulcânicos, até que na primavera de 1902, alpinistas observaram água fervente sulforosa preenchendo a cratera do pico. Explosões e tremores de terra apontaram para a gravidade da situação. Enquanto os ricos faziam as malas, o povo rumava em massa da zona rural para Saint Pierre à procura de segurança.

O Monte Pelée entrou em erupção às 7:52am do dia 08 de maio: “Um lado inteiro da montanha pareceu se abrir e ferver sobre as pessoas que gritavam” em uma nuvem ardente de lava incandescente. 

Grandes  quantidades de gás, poeira e cinzas escureceram o céu ao longo de 80 km, enquanto rastros cada vez maiores de lava desciam em direção a Saint Pierre, num fluxo piroclástico tão rápido que não havia escapatória. 

A nuvem fervente foi acompanhada por um tsunami, produzindo uma situação caótica para os navios ancorados. A cidade foi coberta por lava e o porto, inundado por cadáveres.

Meses depois, uma bizarra cúpula de lava começou a emergir do chão da cratera, crescendo até alcançar 15 metros em apenas um dia. À noite, ela iluminou a escuridão e alcançou 300 metros antes de desmoronar em março de 1903.

Em verdade, 2 meses antes da famigerada erupção, já se começava a perceber que havia algo de errado com o vulcão, entretanto, uma junção de ignorância e euforia impediram a evacuação da cidade, como por exemplo:

Eleições que estavam muito próximas;
Pedidos do governador que não deixassem a cidade e, os que deixaram, que voltassem;
Recusa da matéria alarmante, por falta de espaço, pelo jornal local;
A existência de uma enorme cratera, a qual acreditava-se que conduziria a lava para o mar;
08/05/1903 - dia do fenômeno, foi também feriado em Saint Pierre. Era a festa da ascensão, o que incentivou a mais pessoas voltarem para a cidade.

Para se ter noção da força vulcânica, registra-se que o vulcão conseguiu arremessar pedras do tamanho de uma casa. Entretanto, ninguém na cidade sobreviveu, com exceção de um único homem, Ludger Cilbaris. Ele havia sido detido no dia da erupção e, portanto, estava preso na solitária e, justamente por isso, se safou da morte. As várias camadas de parede que constituíam sua cela, filtraram as partículas de magma que fazem parte do fluxo piroclástico. Ainda assim, o "homem maravilhoso", como ficou conhecido, sofreu sérias queimaduras e, antes de ser encontrado, passou 4 dias de agonia, fome e medo; até ser encontrado por 4 jovens estudantes.

Este evento, foi um marco nos estudos vulcânicos e sabe-se que, pela idade geológica do Monte Pelée, haverá outras erupções de iguais proporções. Hoje, a despeito dos 30.000 habitantes de 1902, Saint Pierre, conta com apenas 5.000 habitantes que estão muito felizes com sua atividade econômica e com o turismo local. 

O famoso monte é monitorado regularmente. No museu da cidade ainda pode-se encontrar vários objetos que foram completamente deformados pelo efeito.

domingo, 31 de agosto de 2014

1951 — ERUPÇÃO DO MONTE LAMINGTON

O mundo e quase tudo que existia nele não chegava nem perto de estar tão bem documentado nos anos 1950 quanto é hoje, e em janeiro de 1951 ninguém suspeitava que o monte Lamington, de Papua-Nova Guiné, era um vulcão, e muito menos que eles estava prestes a entrar em erupção.


Não obstante, era isso que acontecia, e com um efeito terrível. O evento teve início no dia 18 de janeiro, com os habitantes locais observando bombas vulcânicas brilhantes, pequenos deslizes de terra, emissões de cinzas e trovões em volta da montanha. Mas ninguém achou que seria necessário informar aos vulcanólogos do governo australiano sobre as curiosas ocorrências, e muito menos considerou o que elas poderiam indicar. Na verdade, dirigentes complacentes desencorajaram observadores apreensivos a deixarem a área.

Foto datada de 1951.

Três dias depois, às 10:40am, uma explosão barulhenta foi ouvida a 320km de distância. A explosão destruiu o lado da montanha e fluxos piroclásticos mataram tudo que havia dentro de uma área de 525km² ao redor do monte Lamington. A devastação não se espalhou uniformemente, alcançando até 12km em algumas direções, mas apenas 6km em outras. A força do vulcão pode ser julgada pelo fato de que na estação do distrito de Higaturu, a 10km de distância da erupção, um jipe foi erguido do chão e arremessado contra uma árvore, ficando preso nos galhos. Foram milhares de mortes, provocadas pelo choque da explosão ou por uma incineração instantânea causada pela nuvem piroclástica superaquecida que saiu do lado destruído da montanha.


O trabalho de resgate foi atrapalhado pela fumaça e pela poeira sufocante, enquanto o trabalho de limpeza era continuadamente ameaçado pela atividade vulcânica, que não cessava. Explosões e tremores menores ocorreram ao longo de janeiro e fevereiro, e no dia 5 de março uma explosão secundária produziu um fluxo de lava que viajou 14km, incendiando tudo que havia em seu caminho.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

1986 — A EXPLOSÃO DO LAGO NYOS: EVIDENTE TRANQUILIDADE QUE ESCONDIA UM PERIGO MORTÍFERO

Em agosto de 1986, um viajante fez seu trajeto de bicicleta desde a vila remota de Wum, em Camarões, em direção à vila vizinha de Nyos. A pista de barro estava atipicamente tranquila aquele dia, e quando ele encontrou um antílope morto, amarrou-o à bicicleta. Não demorou muito e ele percebeu que havia animais mortos por todos os lados. O homem concluiu que eles provavelmente haviam sido mortos por raios e seguiu viagem. Ao chegar ao pequeno vilarejo, decidiu perguntar se alguém sabia o que havia acontecido. Ao entrar na primeira cabana, para seu espanto, ele percebeu que todos estavam mortos. O mesmo aconteceu em todas as cabanas em que ele entrou. Em total desespero, ele voltou o mais rápido possível para Wum.

Lago Nyos. Foto datada de 23 de agosto de 1986.

Quando chegou em Wum para contar a história, várias outras pessoas de Nyos e vilas vizinhas também já haviam chegado. Alguns relataram ter ouvido uma explosão, outros tinham sentido um enorme mau cheiro. Ainda desorientados, alguns contaram ter passado dias desacordados, e quando enfim acordaram, perceberam que familiares e amigos estavam mortos. Nyos era uma vila tão remota, que demorou dias para que a notícia da catástrofe chegasse ao mundo exterior.

Logo, uma delegação de cientistas da França e dos Estados Unidos chegou para tentar descobrir o motivo de tal fenômeno. À medida que a equipe de pesquisa se aproximava do lago, percebia-se que o número de cadáveres crescia, e, ao chegar ao lago, eles viram que as águas tinham uma coloração marrom que não era normal. 

Pesquisas científicas posteriores averiguaram que houve acúmulo de dióxido de carbono à uma pressão extremamente elevada no lago de origem vulcânica. Um deslizamento de terra provavelmente havia levado o gás a ser liberado no ar, envenenando e matando cerca de 1.800 habitantes do vilarejo.